Por Fabiana Mascarenhas
Um dos maiores estudos clínicos já realizados no mundo revelou eficácia entre 90% e 100% de um novo tratamento para a hepatite C (HCV). No padrão atual de tratamento, que utiliza os medicamentos Interferon e Ribavirina. a eficácia varia em torno de 20% a 40%.
Ao todo, foram realizados seis estudos clínicos de fase 3, que avaliou 2.300 pacientes de 25 países infectados com a patologia em diferentes estágios de tratamento da doença. Os estudos de fase 3 são aqueles realizados em larga escala, em múltiplos centros de diferentes países e diferentes populações de pacientes. O Brasil não participou desta etapa da pesquisa.
O trabalho, desenvolvido pela empresa biofarmacêutica Abbvie, foi apresentado cm recente coletiva de imprensa realizada em Salvador.
Combinação
De acordo com o diretor-mé-dico da empresa, José Eduardo Neves, o tratamento consiste na combinação de trés compostos químicos. “Por combinar três diferentes tipos de ação, ele interrompe o processo de replicação do vírus com a meta de otimizar a resposta virológica em diferentes tipos de pacientes, inclusive aqueles sem experiência prévia de tratamento e também os cirróticos, que hoje têm poucas opções de tratamento e baixas taxas de eficácia”, diz.
Os resultados mostraram eficácia entre 92% e 100% de resposta virológica. em 12 semanas de tratamento, com baixa taxa de efeitos adversos e alta taxa de adesão, variando conforme a população estudada.
“Em um dos estudos, o tratamento foi realizado em pacientes cirróticos durante 24 semanas e mostrou eficácia entre 92% e 96%, o que é excelente. uma vez que esses pacientes normalmente já estão em fase avançada da doença”, explica o diretor-médico José Eduardo Neves.
Efeitos colaterais Segundo ele, os efeitos colaterais mais comuns apresentados durante a pesquisa foram fadiga e cefaleia.
“O tratamento padrão atual dura cerca de 48 semanas e tem mais efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreias. convulsões, alterações de comportamento, depressão. Esse novo tratamento, além de apresentar efeitos colaterais bem mais leves, tem a vantagem de apresentar resultados mais rápidos”.
Expectativa no Brasil é de que Anvisa aprove ainda este mês
Este novo regime de tratamento foi considerado revolucionário pela FoodDrug Administration (FDA), agência americana que regula remédios e alimentos, e, por isso. está sendo submetido á aprovação prioritária por este órgão. A Agência Reguladora da Comunidade Européia (EMA) também está em processo de aprovação.
No Brasil o tratamento está previsto para ser submetido a aprovação regulatória ainda este mês. A biofarmacêutica Abbvie pretende realizar um estudo no pais com 220 pacientes de 14 centros brasileiros. ainda sem data para ser iniciado. For enquanto, não há informações sobre o custo do medicamento, que será administrado via oral.
Para o médico hepatologis-ta e ex- presidente da Sociedade Brasileira de Hepatolo-gia, Raymundo Paraná, o novo método proporcionará mais qualidade de vida para o paciente.
“Esse é um medicamento promissor porque otimiza o tratamento, já que o paciente passará a administrar o medicamento em dose única, e também sofrerá menos porque tem menos efeitos colaterais”. diz.
Opções
No Brasil, estima-se que 2,5 milhões de pessoas tenham a doença, sendo o genótipo 1 o mais prevalente.
Apesar de considerado um medicamento revolucionário, segundo Paraná, há outros tratamentos sendo desenvolvidos. “Há alguns outros laboratórios desenvolvendo tratamentos neste sentido e é importante que o paciente conte com outras opções”.
Fonte: A tarde, publicado em 05/08/2014
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